Negação do verbo


© Bill Brandt



 A cadeira está cansada no seu lugar: desafoga 

 consigo, diz: 

Eu sou aquela cadeira sentada à 

  margem de mim e do nada. Ponto quase final.



Que sentir é esse que reclama o nada em

cada sentença por onde viaja -

                                                que estranha 

palavra que tudo diz - quando agora simples

afirma o nada? Mas a cadeira persiste: 


       Quem  és, porque estás sentada? Serás 

quimeras em todo novo rio por ti


inventado? 


 És um hóspede-peregrino que silencia a fala

cruzando labirintos abismados de vocábulos.




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