A boca da página


© Fabio Selvatici




O poema é a dissecação de um cadáver vivo. 

      A onde o sol descreve um círculo na
 carne, a boca 
                           ao erguer
o peso da terra tombará com uma folha 
morta 

sobre

          as margens da cara. -         Em vão tudo 
o que se diz 
   sem odor a sangue, sem beber de um trago 
         o conflito 
         de tinta no quadro, a mancha confunde
-se 
         com o tecido

 geométrico do tédio, o traço de giz na pedra. 

Abrir as veias à sede de quem
        respira o apocalipse da espera,

a crença e a regra.       Em oferenda 
                    ao primeiro lance de
escada: o sangue onde o ar inflama 

               a boca da página.




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