Génesis


© Sarah Moon



Tudo é uma permuta do fogo - sob o jugo 
onde o dia e a noite
                             inventariam um jogo em seu limite: 

uma mulher vestia-se de
sol, de púrpura aúrea, a cintilar sobre a fina cara 
escarlate -
   a cor do fogo - o êxtase do sangue a derramar-

se em vida. Sete rosas, sete vozes em carne viva
entre o dia e noite, o fogo e treva, o amor e luta; 
com peso igual era toda a luta, e no meio, era o amor 

de igual altura, com-

primento e largura. A mulher pensava com o sangue,
um mar flutuante em grafias

do tempo. Era este igual ao sangue 
              que pulsava em corações a cinzelar a mente 

dos homens. Céus no chão e mar - a mulher que 
  trajava de sangue é agora exaltação do sóis e terras 
                - poderes que proclamam -
o rizoma

eterno. O som agora mais veloz, cedo na voz que
prende todo o rugido ao ar: 

        pensamos que fazemos a palavra
        mas é a palavra que nos faz, com

                                            peso certo e igual medida. 




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Poema inspirado em Apocalipse de D. H. Lawrence, ed. 1993. Tradução de António Moura. (NdA)