Génesis
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Tudo é uma permuta do fogo - sob o jugo
onde o dia e a noite
inventariam um jogo em seu limite:
uma mulher
vestia-se de
sol, de púrpura aúrea, a cintilar sobre a fina cara
escarlate -
a cor do fogo - o êxtase do sangue a derramar-
se em
vida. Sete rosas, sete vozes em carne viva
entre o dia e noite, o fogo e treva, o amor e luta;
com peso
igual era toda a luta, e no meio, era o amor
de igual altura, com-
primento e largura. A mulher pensava com o sangue,
um mar flutuante em grafias
do tempo. Era este igual ao sangue
que pulsava em corações a cinzelar a mente
dos homens. Céus no chão e mar - a mulher que
trajava de sangue é
agora exaltação do sóis e terras
- poderes que proclamam -
o
rizoma
eterno. O som agora mais veloz, cedo na voz que
prende todo o rugido ao ar:
pensamos que
fazemos a palavra
mas é a palavra que nos faz, com
mas é a palavra que nos faz, com
peso certo e igual medida.
Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados
Poema inspirado em Apocalipse de D. H. Lawrence, ed. 1993. Tradução de António Moura. (NdA)