As tecedeiras


© Dora Maar



Quem extingue o tempo extingue o espaço
o  ritmo das estações
e o seu abraço
As chuvas animais, as fecundidades vegetais; - aqui

agora. Uma teia de invisíveis febres tece 
                      os homens, e um momento

sobrevive em todos os momentos: - esse prodígio 
que foge sempre,
em caminhos severos para o centro 
O que importa a nostalgia do
eterno, um paraíso concreto a cair nos mundos, 
sempre? - Tecemos

predestinamos, recriamos a fortuna, tecedeiras com o fuso
as rocas, aranhas cujas teias moldam a criança: 
                                                       - a morte de um animal lunar
sob o signo de se resgatar e perece a planta, agora     
Mas a criação
reanima a sua história: 
                                     - A eternidade dessa planta morre agora 
em todas as habitações 
do homem 
                   - desse drama vegetal virá a planta

luminosa de novo acasalar o ritmo das estações
                  a exaltação da luz e todo o sopro 
que rege o universo de ar 
                                         São letras e magias
sons, imagens: os ventos proclamam - quem vive sob

o domínio do tempo é um fantasma
                                   Proclamam: - foi o ar que teceu
o universo: - o barro entre céus e terras
                                        não importa quando




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