Catedral de incêndio


© Vadim Stein



As estrelas repetem-se no brilho, 
em ritos de iniciação,
embebedam-se com essas 
                  velhas máscaras de vigília.

  Prazer que tece a construção da casa, 
no retrato oblívio da memória. 
São catedrais
                 de incêndio, longas

catedrais que exaltam as estátuas de prata 

em pálidos

sinais como se o vento as tivesse banhado
                           de silêncio
as cinzas. Sob o leito do rio, 

as margens são altares do
tempo, um mistério - 
        sacrifício que reflecte a multidão 

 no aço crepuscular da espada - as catedrais 

         deslizam no tabuleiro do jogo, 
                      rasgam o horizonte que separa 
o cálice e o líquido, o nome, o desejo, 

o fio de tarde. 

 Regressam com a idade dos telhados, 
essas vulgares origens
do mistério, cada olhar habita a presa, 


mulher que aduba o rosto contra o frio, 
 e tacteia a curva cilíndrica dos tempos.

   É a hora milimétrica dos corpos, 

   essa temporalidade dos espaços 
em olhos de pássaros sem sobressaltos. 

    As mãos repousadas sobre as asas, 
      nutrem sem vacilar as oraculares 
sombras dos crepúsculos - 

     a janela aberta sobre a fábula. 



Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados