Corpo de delito
Um retrato que observa o infinito - talvez
o dedo mínimo do fotógrafo.
Em luz e
sombras é perene o cenário incerto
até ao lugar onde o olhar descobre as nuvens.
Elas estão a uma esquina do retrato
naúfragas de geometrias incertas
do espaço, em suas trajectórias apontam
a claridade que
habita em remotas estrelas do telescópio
habita em remotas estrelas do telescópio
como um retrato
que observa o infinito.
que observa o infinito.
Talvez o dedo mínimo oculte o corpo
do delito, essa hora em que a chave secreta
do delito, essa hora em que a chave secreta
aflora o cadáver
à velocidade da hora.
à velocidade da hora.
Porque leve e mortal é o gesto que
se atrasa entre lábios
se atrasa entre lábios
a
afagar a única planície do retrato.
Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados