Corpo de delito


© Elena Ehrenwald



Um retrato que observa o infinito - talvez

             o dedo mínimo do fotógrafo. 
  Em luz e sombras é perene o cenário incerto

 até ao lugar onde o olhar descobre as nuvens. 
             Elas estão a uma esquina do retrato 

naúfragas de geometrias incertas

do espaço, em suas trajectórias apontam 
                                                      a claridade que
habita em remotas estrelas do telescópio 

como um retrato

que observa o infinito. 
Talvez o dedo mínimo oculte o corpo
do delito, essa hora em que a chave secreta
aflora o cadáver

à velocidade da hora. 

                   Porque leve e mortal é o gesto que
se atrasa entre lábios 
a afagar a única planície do retrato.




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