Dança vertical


© Victoria Ivanova




A dança vem renascer a morte prematura, 
        Dionísio bebe o sémen do caule efémero 

       na parede lisa da terra. Sobre os alicerces

  de água, vem a dança vertical soletrar a roda 
dos ventos que sustenta 
                         a Oriente o hemisfério de

   Desdémona – a boca que se une ao carrasco
    prenhe de mistério e o seu cálice de sangue 

derrama a palavra sem nome  ao sabor da arte 

cega da balança.     Vem a dança vertical 
incendiar 
o louco clamor das folhas,
lenta é a espada - fere as margens - um rio de
     agonia onde abre a dor volátil ao fruto 

que brota

de Maria; o ventre azul multiplicava um tecido 
a ouro e prata sob o manto frio. Por essa raiz a 

 palavra como que a dança

vertical regressa - 
                  Tat Tvam Asi - quatro braços
    nas direcções dos espaço 
                  e o quinto contempla a graça





Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados 

Outros poemas

Cave canem

As tecedeiras

Fim de linha

Papéis soltos

Pélago da terra

Tango

Os alquimistas