Parábolas
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A janela alonga-se pelo
quadrante oeste da
paisagem.
É junto às vidraças que amanhece
É junto às vidraças que amanhece
a prisão da aurora:
dilatar o tempo, o preço da águia que voa
e tanto demora no seu voo. Estou de
costas para o mar .
esse é o homem, um vago naufrágio de
marinheiro cansado
As águas perduram em silenciosas figuras
e nelas
há os tambores que embalam
o útero com a cadência de
um potro selvagem em todo o horizonte da
um potro selvagem em todo o horizonte da
página.
A palavra tece o prelúdio à morte da imagem,
A palavra tece o prelúdio à morte da imagem,
o salmo
do horizonte incendiado na vasta desordem
do horizonte incendiado na vasta desordem
dos rios.
Estou agora frente a um labirinto de
Estou agora frente a um labirinto de
engrenagens:
senhas de uma geometria de palavras
senhas de uma geometria de palavras
- passaporte que
desmembra a hora, a membrana da hora:
um requiem lavrado
no ar. A geografia da boca desdobra
no ar. A geografia da boca desdobra
o sangue
no corpo do vocábulo e hipnotiza o livro
no corpo do vocábulo e hipnotiza o livro
cativa o abismo, as palavras tardam entre
o fazedor e a ideia.
Alimento-me do sonho, conto-lhe fábulas,
Alimento-me do sonho, conto-lhe fábulas,
para que
o filho pródigo
o filho pródigo
regresse a casa.
Vou estar em bicos de pés sobre a cidade,
a melodia invade a manhã, árias barrocas
de um conto oriental, serpentes
que demito.
O tempo semeia o oblívio das pálpebras
sobre
os lugares onde o vento passa.
Deliro com os pássaros em pontes
quebradas de um continente até outro
quebradas de um continente até outro
promontório de
gente. Deserto das colinas que avisto,
frágeis crianças:
parábolas. A clareza lunar no peito,
a remota canção solar do universo
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