Sabor errante



© Isabelle Wenzel




Calados no hemisfério da quietude, 
crus habitantes da trilha
de nenhures e sem memória de nenhuma luz que 
abocanhe
o concreto hábito da presa enredada em torno de 
                          si mesma.

  Calados num eixo hemisférico da terra, 
entre espaços de um
indício sem cadastro, 
    a demanda do momentum certo - esse
apelo vago - o sinal onde a obediência exibe 

                   a cega escolha.

   Evidência não basta para a fala - embruxar 
um grito atado à gargantilha a sublevar o passado 
     nas entranhas, que caladas caem pelas noites - 

 não geram nem pai, nem mãe, nem filho,
não se dignam brindar a face à cor do dia. 

Quietos no umbral
  da ponte entre dois mundos - em que o lugar da 
terra não é palco de ninguém como que fabricado 

                  em presságios e encantos, que

vertigem não lhes fere o sono. 
      A inteira e a inquieta fonte da palavra 

desconhecem -
     o reino, a donzela que afirma o húmus
 na semente: o vício dos sabores errantes 
    que destinam

                      o sopro à origem





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