Ad noctem


© Jeff Miller



Nas lágrimas de orvalho copulo 
com as cinzas,
tambores & palavras obscuras - 
crença e fantasia,
poema infinito, reino da terra 

em máximo mistério:

a vida é a noite, eu sou humano - 
destino de ferros.

Perene é a duração de sonhos 
no império de noites,
orbes de astros que repousam 
sobre gruas hialinas.

A vida passa entre horas 
como primavera - a noite,
mãe sapiente e amante. Obscura 
noite - o meu luto
em sono eterno - sonho inesgotável, 

fadiga celeste.

A noite, virgem terrena, sacra bebedeira
em exaltação nocturna, e fogo inteiro.
Na voz da mente, 
a vida morre eternamente na vida,

cálice erguido ao supremo astro - 
aquele que
ama e crê não chora no sepulcro, 
e de todos o sol é rosto divino - 
a esfera luminosa, o nome e morada.

Nome necessário, morte necessária, 
plurima mortis imago & homo vívido,
um cântico mortal para a eternidade

em epifanias & oráculos de criança: 
o cálamo absorto no espelho d´alba.





Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados 



Recriação poética a partir da obra Os Hinos à Noite de Novalis, ed. 1988. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. (NdA)

Outros poemas...

Cave canem

Papéis soltos

As tecedeiras

Fim de linha

Tango

Branco ou tinto

Pélago da terra

Génesis

Os alquimistas