Nas lágrimas de orvalho copulo
com as cinzas,
tambores & palavras obscuras -
crença e fantasia,
poema infinito, reino da terra
em máximo mistério:
a vida é a noite, eu sou humano -
destino de ferros.
Perene é a duração de sonhos
no império de noites,
orbes de astros que repousam
sobre gruas hialinas.
A vida passa entre horas
como primavera - a noite,
mãe sapiente e amante. Obscura
noite - o meu luto
em sono eterno - sonho inesgotável,
fadiga celeste.
A noite, virgem terrena, sacra bebedeira
em exaltação nocturna, e fogo inteiro.
Na voz da mente,
a vida morre eternamente na vida,
cálice erguido ao supremo astro -
aquele que
ama
e crê não chora no sepulcro,
e de todos o sol é rosto divino -
a esfera luminosa, o nome e morada.
Nome necessário, morte necessária,
plurima mortis imago & homo vívido,
um cântico mortal para a eternidade
em epifanias & oráculos de criança:
o cálamo absorto no espelho d´alba.
Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados
Recriação poética a partir da obra Os Hinos à Noite de Novalis, ed. 1988. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. (NdA)