Anestesias


© Jaroslav Rössler



 São esses animais que
      escrevem, escrevinham, 
não param de escrever,
       agatanham a secretária, 

  a pontualidade urbana 
dessas civilizações com 
horário preso ao ventre, 

 com o vómito acelerado
preso à cabeça da leitura,

paraversos, parapoesia, 
       tanto papel & letras 
entre pernas mal paridos

- a apócrifa linguagem -
 
 carne amorfa nas mãozinhas
roucas de Babel. A grafonola 
  engravatada à garganta 

desvirtuando 

a caligrafia, 
          a palavra perdida: 

boca de falsete, corpo sem tripa
  este mundo e todos os mundos 
 nascem dessa boca & inspiram

         sistemas solares, galáxias, 
    nebulosas, buracos negros 

engordando

 universos falantes - 
papagaios de praças & feiras, 
que linguarejam & rabiscam,

gritando à força da bala mais
robusta que a mãe-gravidade

por uma mão rota de aplauso,
anestesias de alento & fábula

  




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