Anestesias
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São esses animais que
escrevem, escrevinham,
não
param de escrever,
agatanham a secretária,
a pontualidade urbana
dessas civilizações com
horário preso ao ventre,
com o vómito acelerado
preso à cabeça da leitura,
paraversos, parapoesia,
tanto papel & letras
entre pernas mal paridos
- a apócrifa linguagem -
carne amorfa nas mãozinhas
roucas de Babel. A grafonola
engravatada à garganta
desvirtuando
a caligrafia,
a palavra
perdida:
boca de falsete, corpo sem tripa
este mundo e todos os mundos
nascem dessa boca & inspiram
sistemas solares, galáxias,
nebulosas, buracos negros
engordando
universos falantes -
papagaios de praças & feiras,
que linguarejam & rabiscam,
gritando à força da bala mais
robusta que a mãe-gravidade
por uma mão rota de aplauso,
anestesias de alento & fábula
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