Terra extrema
© Fabio Selvatici |
Terra, terra extrema, que som respira
o teu passeio
oblíquo
um breve ritual cumpre a melodia
- solta-se caindo a
esfera
e vai divulgando o corpo, no extenso intervalo do radar
que
espera. Vultos, caras, etiquetas, nomes, estradas
sem meta
cada meta é uma outra estrada, ainda
Proletários
escassos,
bosques de parada, comissões de entrada
e
sonâmbulos de
passagem, alguns mastros de ar, estátuas
à
borda de água
enlutadas com um sonido de alma. Terra
- pretérito perfeito
de uma simetria nobre e imperfeita, à cultura e à
geometria
o corpo se habitua, comunicação das horas, a
meteorologia:
hoje, - se hoje fosse hoje -
os embustes dos que dizem hoje
sem cálculo algum, em todo lugar
uivando à curva de astros
o ócio da linguagem. Terra, aplana os mortos
entre as rosas
não dizes ao que veem?
Moldas a obra
que replica
a rotação da morte a afinar o prazo, culto em desalento
pausa em sobressalto. Terra, única, ventre de aluguer,
douta
meretriz, o mote é dado:
lunar e relativo em seu
plural. Vem
negra mãe solar, atmosfera fértil, vegetal, em
tua sede chão
e asas se aventuram e o halo de um sopro inventa
o
mundo. Selo de fogo, carta sem destino, o delírio
do teu
salmo canta
a lucidez comum da origem, o grito supremo
- magnitude
zéro
que som veste a tua morada, teorema de raiz intacta
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