Mural de sangue



© André Kertész



Demostrar crueldades, e vender insolências,
uns vagos pensamentos, as sementes várias,
que todos são vocábulo, estante de palavras
num mural pintado a falso sangue c/ odores
indolores, mesa parada e lua mortiça de dor,
de cor, tanto havia cinismo e silêncios vagos.

Em murais de histórias - e de estóriazinhas?
Vamos descrever os dedos como mãozinhas?
Sobrará alguma coisa para narrar em murais
de falsas necessidades e hipócritas vaidades,
em seus aparentes estados por fim decentes: 
o sangue habitado por lugares de pó, e letras.




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