O cântico da casa
Sob as narinas fumegantes da cidade
o
tempo amortalhou
a silhueta no olhar, um espelho
e
calaram-se as gargantas
em segredo com pálpebras atreladas a um
carro de vulcões
alados. Um piano tocava a primeira valsa
no atalho secreto
da palavra:
a ascensão e queda do dilúvio,
o sol a baixa lua
sobre a mesa, a rede de barcos que lançava
em linha recta
o gráfico da casa. Viajante no dorso das
escalas, a casa era
a infinitésima nota de um recado
aposta
múltipla de águas
o alfarrábio longe revelava que a alma
secreta das palavras
era agora o cântico da casa. A claridade
cega, e o momento
Aves maiores, subtis e férteis
no
sangue elementar da terra
Só as
mãos sabem e pressentem e cada silêncio regem
Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados