O cântico da casa


© John Kosmo




Sob as narinas fumegantes da cidade
o tempo amortalhou
                                  a silhueta no olhar,  um espelho 
e calaram-se as gargantas
em segredo com pálpebras atreladas a um carro de vulcões
alados. Um piano tocava a primeira valsa no atalho secreto

da palavra: 
a ascensão e queda do dilúvio, o sol a baixa lua
sobre a mesa, a rede de barcos que lançava 
em linha recta

o gráfico da casa. Viajante no dorso das escalas, a casa era
a infinitésima nota de um recado
                                                      aposta múltipla de águas
o alfarrábio longe revelava que a alma secreta das palavras

era agora o cântico da casa. A claridade cega, e o momento
Aves maiores, subtis e férteis 
no sangue elementar da terra
Só as mãos sabem e pressentem
                                                     e cada silêncio regem




Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados