Asfalto
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Frases carismáticas são corvos a rimar os versos
como cataventos,
crianças são pretexto - em tudo nada efeitos -
a emoldurar a tarde
em presságio do tempo: a proximidade do
momento é
essa árvore
estropiada no momento em que o lenhador
suspende no seu
gesto
o vento. Seria tão fácil levantar cada momento
em que
o machado
decepa a corda, e persiste como um sino derrubado
após o
assalto, condenado que ergue alto a
guilhotina.
Na lareira vizinha, estalava
musical um telefone, a rua triste, as tímidas
varandas, o sol que se
despede entre luzes que gastam o humor do céu;
e dizes que não é
tarde, em memórias nasce a sina de quem se presta
tarde, em memórias nasce a sina de quem se presta
ao
jogo
de prestidigitação, e a que vende a paixão
em pura-eterna ilusão
a vibrar a superfície polida da pedra, esse asfalto;
e desencontros
vestem a poeira, a câmara ao ombro para recriar
a alma
sem alma,
com abundantes almas a que agora pertence
a imagem. Através da
coluna vertebral, máscaras perseguem outros
fins
entre os mesmos labirintos:
a mão vai rasgando sacos de supermercado
nessas horas
que o dia paga. Porque o asfalto é o mundo, mastro
e
vela do navio
fantasma - esse mar que transborda a margem entre
olhar
a árvore,
e nela ser o vórtice de um
tronco que ao vento entre os olhos voava.
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