Atmosferas


© John Kosmo



peças de um teatro imaginário persistem 
                 em conduzir-te até 
a um desfile de naufrágio, vogais de prestígios insuportáveis
destilam vocábulos de qualidades sonoras duvidosas, danças 

de caixas de supermercado 
                                            e tacteias o vazio dos teus rastos
  
ecos sobrepõem o voo das aves ao sacrifício manso da carne:

detrito inflamado no horizonte. Pensas que é a infância ainda 

que fala:
                sortilégios fazem-se com tinta de sangue na página 

em branco da prova de escola 
a imaginar a silhueta de uma 
serpente alada rumo ao olhar do sol que lhe roubará as asas

aí brilhará o espelho do fogo, a chama a queimar
                        a voz numa pedra lançada ao meio-dia:
as atmosferas curvas do teu rosto 




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