Discóbulo


© André Kertész




O homem vai lançar o peso-arco da esfera 
  celeste: o reflexo estelar no rosto, a esfera lançada 
ao infinito

e devolvida à cápsula terrestre. 

As mãos  
  atravessam a profunda ruga das ilhas em serpente: 
a linha da vida.

O olhar é a faca aprumada sobre as espáduas,  
       a saída o barco desperta as velas regidas 
por silêncios de página
e tombam como sílabas da árvore.

O sol quando desperto
 
                ainda

          murmura a exaltação lunar: 
- Abandonai-vos 

  ao lugar da praia, doce partícula a soletrar a água, 
     essa boca expande os lábios, subverte a sombra, 
fere com

um dardo a página. O cavalo persegue 

              a noite 

           com fogo luminoso nas esporas,
a voz levanta a abóbada celeste até quebrar 
                           os sinos que celebram 
a fama do discóbulo.

O homem aplana entre dedos, afaga lentamente 
a rubra esfera fria que persiste

                          suspensa de seu gesto 


 


Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados 

Outros poemas

Cave canem

As tecedeiras

Fim de linha

Papéis soltos

Pélago da terra

Tango

Os alquimistas