Rosita


© Kiss Andreas




A casa viaja num sarcófago no mar, salas, mesas e cadeiras são
                      crinas de espuma nas mãos de um falso mareante

Conchas
sopram a impossível palavra, essa terra distante
                                                                             de que o amor
é único habitante. 
Ao ritmo de um sonho calado, o mar desenha

a paisagem: 
   Doña Rosita e um enxoval nas arcas
           Doña Rosita la soltera
– um insecto esquecido entre as pregas de um vestido
a percorrer cego o infinito desenho do tecido, a cabeça velada


a cal da casa transporta um acordo nocturno dos gatos
            pássaro cadente a esculpir as margens de um rio morto 
contra

o fundo de um naufrágio lento.
Sortilégio do medo que envelhece
a terra: 
a noiva eterna chora 
                                   contra o espelho ancoradode gente



Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservado

Outros poemas...

Cave canem

Papéis soltos

As tecedeiras

Fim de linha

Tango

Branco ou tinto

Pélago da terra

Génesis

Os alquimistas