Universus
respiro aquele intérprete
cansado, na medida da expectativa
dos braços e das pernas,
ainda suspensos nos degraus aéreos
ainda suspensos nos degraus aéreos
dos jardins de infâncias
que sobem, e caem em escada sem pisar
que sobem, e caem em escada sem pisar
as árvores, o bosque
que viaja o universo cavalgando
que viaja o universo cavalgando
a tela esquecida a um canto
do sotão labiríntico da terra.
do sotão labiríntico da terra.
Qualquer olhar é um microscópio
de monstruosas formas -
de monstruosas formas -
a brisa suave dispersa-se na mão
de um arquitecto das estrelas - um gesto
de um arquitecto das estrelas - um gesto
brusco da criança
que extingue um desenho solar e
a solução final é o silêncio
do sol. A câmara alheia-se nesta convulsão,
película, bobinas
escavam o cérebro -
escavam o cérebro -
desespero de não haver princípio & fim.
Em plano médio aproximado descrevo-me,
Em plano médio aproximado descrevo-me,
invado a câmara,
faço o gesto da noite -
faço o gesto da noite -
o sol persiste gasto na linha da mão.
Ao adormecer, tracei previamente
Ao adormecer, tracei previamente
um círculo na terra, estou
no centro e o mundo é uma bola
no centro e o mundo é uma bola
lançada à infância para que
imagens joguem entre elas o jogo
imagens joguem entre elas o jogo
sem regras enquanto olho
a construção das casas. Num bolso fica
a construção das casas. Num bolso fica
o segredo, a fórmula
de que nada é morto ou vai morrendo
de que nada é morto ou vai morrendo
em seu lugar. A calma
aparente aceita a sorte e perfuro o sonho,
aparente aceita a sorte e perfuro o sonho,
a música, o tédio entulhado em beatas
de cigarros os estilhaços de uma nova
ordem. Essa câmara persistia enquanto olhar
de mim sobre
mim mesmo, sortilégio tardio de Verão
mim mesmo, sortilégio tardio de Verão
no velho ecrã de uma
sala de cinema mudo onde um piano tocava
sala de cinema mudo onde um piano tocava
nostálgico. Ainda. Houve um
momento –
é certo: um só momento entre outros,
único e efémero. A mão tombou.
Após ter desligado a câmara.
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