Viagem
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Aqui. Evade-te até onde
possas ir, até
à cor invisível das palavras,
num bizarro pesadelo a trespassar o ferro
num bizarro pesadelo a trespassar o ferro
e cada luz
que agitava o fogo
entre cada data e as ondas:
entre cada data e as ondas:
essas microscópicas
figuras gravavam
a raiz do átomo, equilíbrio efémero
a raiz do átomo, equilíbrio efémero
dos corpos, os desertos
áureos, em peregrinação a nocturnos santuários,
época em que as
luas alinhavam as danças pelo sol e
luas alinhavam as danças pelo sol e
pelo trago
do copo que inclina
o tecido rubro da carne. Bebemo-lo. Será o nome
o tecido rubro da carne. Bebemo-lo. Será o nome
de onde o mar extasiava com fulgor o éter das
palavras - a quimera dos pregões
anunciando o amor dentro da fala. Segmentas
a curva da mão com uma faca, proteges a faca
para
vindimares a página, a carne
se o livro pontuar entre linhas a cor do transitório
o aspecto a cinzelar o músculo na invisibilidade
das estátuas
com a marca da
água. Bebemo-la como quem ama, assobiando
água. Bebemo-la como quem ama, assobiando
esquecimentos,
o barco mortal pelas artérias, a única nota
o barco mortal pelas artérias, a única nota
soberana
que pontifica
o compasso, a espera, a geometria plana:
o compasso, a espera, a geometria plana:
o papel molhado pela
sede que beija a partitura do minuto.
sede que beija a partitura do minuto.
Bebemo-la na visita ao
ao refúgio secreto do amor, na visita próspera
das
águas:
a jangada rio acima acasala
a jangada rio acima acasala
a viagem com o
éter das palavras
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