Viagem


© Stelios Papadopoulos



Aqui.        Evade-te até onde possas ir, até 
à cor invisível das palavras,
 num bizarro pesadelo a trespassar o ferro
e cada luz que agitava o fogo

                         entre cada data e as ondas:
   essas microscópicas figuras gravavam
                 a raiz do átomo, equilíbrio efémero 
dos corpos, os desertos

 áureos, em peregrinação a nocturnos santuários, 
época em que as
                   luas alinhavam as danças pelo sol e 
pelo trago do copo que inclina

 o tecido rubro da carne. Bebemo-lo. S
erá o nome 
de onde o mar extasiava com fulgor o éter das 
palavras - a quimera dos pregões

       anunciando o amor dentro da fala. Segmentas 
a curva da mão com uma faca, proteges a faca 

para vindimares a página, a carne 

se o livro pontuar entre linhas a cor do transitório
  o aspecto a cinzelar o músculo na invisibilidade 
das estátuas 
                           com a marca da

    água. Bebemo-la como quem ama, assobiando 
esquecimentos,
o barco mortal pelas artérias, a única nota 
soberana 
                                                         que pontifica

    o compasso, a espera, a geometria plana:

          o papel molhado pela 
          sede que beija a partitura do minuto. 
Bebemo-la na visita ao

   ao refúgio secreto do amor, na visita próspera 
das 
águas:
 a jangada rio acima  acasala
              a viagem com o éter das palavras





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