Lâmina ardente


© Vadim Stein



Aqui onde bate o sol: - 
 mil anos de servidões vogam 
sem asas. Sob o jugo da lei suprema, 
essa matéria de semi-
                                           deus molda 
em silêncio um espelho -
opaco e sem destino
a mesma tribo - a que renega 
as asas jaz em terra,

em turba e deserto. 

Aqui, é a hora de dizer: - 
Sê agora tu
           o enlace ao povo novo -
       a linguagem que amanhece o ser.
Basta de círios em nua combustão: -
                                 
Que ninguém cultive
     a ciência e a razão, porque 

a vadiagem vale em se perder.

Aqui, basta dizer: -
  A mesma palavra em cada fala, o novo 
caudal para o rio sedento.

                          Em todo o clamor que esgrime
o sobressalto há um selo que se quebra,
a margem em igual

roteiro que adivinha a data em que o sol
repousa a mão 

no peito. 
Aqui onde bate o sol em lâmina ardente: -

     a febril matéria do momento solta 
                              e espanta a torrente quando 
dorme a água mais desperta -
                     
                     agora, por fim. Mais perto.




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