Poema a cores


© Man Ray



Eu precisava de um poema tão simples que
                                em sua simplicidade partisse pelo mundo 
e regressasse sem nunca ter partido do lugar.

Eu precisava de um poema raro e claro que
                            seguisse seu curso sem objectos, vocábulos
e palavras, nas coisas que cativam na meta-

morfose da matéria. Tão simples esse corpo
em seu esplendor sem acto na criação de se

afirmar. Tão sensato, e volúvel em falar, que
sem lei imponha dentro de si todas as cores.  

Eu precisava que o poema fosse natural, que
                          soubesse que bastava abrir a última cor para
esconjurar o único sopro enfim dentro da cor. 



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