Anima mundi
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Nascido de um ventre que
uma só sílaba constrói:
secreto
é o mundo em seu concreto mundo
em campos talhados,
vasos sagrados, águas antigas -
um deus aprisiona o
lugar
sagrado: umbigo da terra, margens de erva,
solo da
terra, monte profético, chão aplanado,
usado de gente,
hálito leve, nuvens canoras,
peito inflamável, o peito do
homem.
Nascido de mares de incerteza,
labirinto em rua e praça, o caos antiquíssimo
as jóias da casa, o riso
amável
não anda longe - hóspede que replica a
alma,
a vida curta sob a face do céu na faca do céu,
quotidiano da alma, sacrifício em terra,
propriedade de um deus,
filho de deuses e gentes terrenas: sinais
de sangue, o ermo da estrada, melodia incerta
em cordata harmonia
até
onde vai o coração, e o deus alimenta
a seiva da estrada, o tecto das folhas, solitária
memória entre granizo e fogo.
Nascidos de forças divinas errantes,
os deuses de
éter, o fogo-éter
dormem sob florestas e nuvens até de onde
o deus oculto
sob o manto da existência,
proclama: existam! deus é um estilista,
o céu a casa de um
artista:
a diáspora recria o mundo
de negro abismo em continente
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