Dialogicamente


© Ralph Gibson



A minha alma é como uma chama, a minha alma fala 
a impaciência da chama, nua, e crua sob o fulgor dos

céus, e toda a terra, a minha alma - essa  minha alma
clama a vastidão intensa dos desertos, que a epifania 
carece de muita agonia. E sem  certo rumo persegue 

um sinal de lume, a água gotejante no crepitar volátil
das estrelas e insaciável busca a tudo o que não sabe, 

a exigência da questão decepa cabeças de torso entre 
dentes, devora corações que incineram promessas de 
ocasião. Paira no ar, e volta a sentar-se com uma voz 

rouca que expande tudo à minha beira - o sol feito de 
puro saber, do pudor de aragens estranhas, - a minha 
alma diz: Sê tudo que és, não há convites de regresso. 

  



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