Vento mistral


© Imre Kinszti



Mente, poeta, mente - 
só mentindo podes clamar verdade  

que silencioso ardor e fatigante enigma

podem abalar a tua fala? - 
mente e entre dois nadas:
a terra firme, e a necessidade: - 
alguém te interroga?

mente, mente sempre, - 
com esse olhar, claro e firme.

Homem engenhoso: 
onde há perigo, aí estás em casa,
tu que sabes olhar o homem, 
a impaciência da chama,
o príncipe escarlate, - 

o deus peregrino em seu labirinto,

floresce adentro todo labirinto, em ideal 
e formas, em toda a nudez: - 
o poeta vertical, à beira do abismo.

 Génio da alma que leva a mão grosseira a ler, 
  a recitar e escrever em dialectos mais novos 
do que antes, agora mais forte, mais malvado, 
mais profundo, mais belo.

Mente, poeta, mente -  
faz revelar aquilo que não é.

Sê o grande ambíguo no teu labirinto: 
a divina loucura!




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