Vento mistral
Mente, poeta, mente -
só mentindo podes clamar verdade
que silencioso ardor e fatigante enigma
podem abalar a tua fala? -
mente e entre dois nadas:
a terra firme, e a necessidade: -
alguém te interroga?
mente, mente sempre, -
com esse olhar, claro e firme.
Homem engenhoso:
onde há perigo, aí estás em casa,
tu que sabes olhar o homem,
a impaciência da chama,
o príncipe escarlate, -
o deus peregrino em seu labirinto,
e formas, em toda a nudez: -
o poeta vertical, à beira do abismo.
Génio da alma que leva a mão grosseira a ler,
a recitar e escrever em dialectos mais novos
do que antes, agora mais
forte, mais malvado,
mais profundo, mais belo.
Mente, poeta, mente -
faz revelar aquilo que não é.
Sê o grande ambíguo no teu labirinto:
a divina loucura!
Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados