Maré vaga


© André Kertész



        Vou com as marés - cada rio tem as margens 
                      que conquista: tango nocturno e malandro, 
zéro à esquerda em toda a vida,
                 cobardia vegetal-animal velejando em 

companhia, douta sentença que erra a a pontaria,  

  dardo que passa ao largo  dos dias - revólver sentinela
         amestrado como as horas arranham os dias. 

Maré vaga,

                   moeda que se ganha em jogo vicioso - 
    falsos dedos sedentos, outras estórias a relatar o dia, 
    vozes com vogais, ditongos e consoantes,
            parada em relógio certodesconcerto, 

       vozes insones de poetas dormem desdormindo 

a sesta: a grande noite ronca de goela aberta,
génio&companhia - 

                                       o título de um letreiro público





Copyright © Luísa Vinuesa. Todos os Direitos Reservados  

Outros poemas

Cave canem

As tecedeiras

Fim de linha

Papéis soltos

Pélago da terra

Tango

Os alquimistas