Mastodonte


© Nicolas Bruno



Há paredes que encerram 
pouco a pouco 
                        certa euforia 
acima do sussurro, sonâmbulos 

         operários de invenção, 

       polegares de sonhos contra a fronte
   do uso relicário da razão - dia canibal, 
obediente e livre, digo -
              
Mastodonte, eu te esconjuro: 

     Vem violentar a realidade solteira, 
       entulhar de lama a torneira,  
          a boca, a veia, a vertigem 

            de olhos aspirantes a cânticos 
     cruentes, enigmas, vestígios
    
       que atrasem o tempo em se cumprir.
        Et voilà o barco que te prometeram,

      em que porto recosta 
o teu costado? 
      que palavras dançam entre os ombros, 

   pré-escolar mente da História, ex-voto,

     populacho&tacho, últimas rebaixas de 
    supermercado: - caracóis&cio, mutatis 

  mutandis, ostras Co, mexilhões da vida.


 Animalia é a trama que não foge à caça:
                
      joga alto e caro em múltiplas apostas 
          mas as setas que a si mesmo lança
falham 
                o alvo certo quanto basta




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