Alexander Pushkin

FAMA


ABENÇOADO aquele que para si guardou
A sua mais elevada criação da alma,
E de seus companheiros e sepulturas
Não esperava receber algum louvor!
Abençoado aquele que em silêncio cantou
E sem usar na cabeça a coroa da fama,
Pela multidão desprezado e esquecido,
Abandonado o mundo tem sem nome!
Engano maior que sonhos de esperança,
O que é fama? O sussurro do admirador?
Ou a perseguição do rústico?
Ou o extático transe do louco?


1824


AMIZADE


ASSIM sempre foi e sempre será,
Quanto é antigo o mundo inteiro:
Os eruditos são muitos, os sábios poucos,
Muitos conhecidos, mas não um amigo!


AO POETA


POETA, não terás o aplauso popular!
O louvor do êxtase passará a ruído
          momentâneo;
O julgamento do tolo ouvirás, e o
           riso da fria multidão -
Permanece calmo, firme, e - sóbrio!

Tu és rei: vive sozinho. Na estrada livre
Caminha, vai aonde te liberta o teu espírito:
Amadurece os frutos sempre de amados pensamentos,
Sem recompensa por ações nobres exigentes.

Em ti mesmo busca a recompensa. És tu mesmo
          o mais alto tribunal de ti;
Juiz assaz severo, as tuas próprias obras podes medir.
Estás contente, ó artesão fastidioso?
Contente? Então deixa a multidão censurar,
E gira sobre o altar, onde o teu fogo arde.
Que o tripé agita brincando como criança.


1830



Alexander Pushkin in Poems, 1817.
Traduzido do Russo por Ivan Panin.
University of Michingan Libraries, 1817.
Versão Portuguesa de Luísa Vinuesa. 


Poemas adaptados a verso livre. (NdT)