Ezra Pound
ERAT HORA
"Obrigado, seja o que houver." E então ela voltou-se E, como um raio de sol em
flores penduradas Desaparece quando o vento as ergue de lado,
Foi-se rapidamente
de mim. Não, seja o
que houver Uma hora foi iluminada pelo sol e os deuses altíssimos
Não podem gabar-se de haver coisa melhor
Do que
ter visto essa hora passar.
CODA
Ó minhas
canções,
Por que olhais tão ansiosa e curiosamente para
as
faces das pessoas,
Encontrareis entre elas os seus perdidos
mortos?
NUMA ESTAÇÃO DE METRO
A aparição dessas
faces na multidão;
Pétalas num galho molhado, negro.
O ENCONTRO
Falaram o tempo
inteiro acerca da nova moralidade.
Os seus olhos
exploravam-me.
E quando me levantei para sair
Os seus dedos
eram como o tecido
De um guardanapo Japonês de papel.
O REPOUSO
Ó poucos indefesos
no meu país, Ó sobreviventes escravizados!
Artistas
desfeitos, Vagabundos, perdidos em lugarejos, Desconfiados,
falando-
contra, Amantes da beleza,
famintos, Frustrados com sistemas, Indefesos contra
o controlo; Tu que não te podes desgastar Perseverando em
sucessos,
Tu que podes somente falar.
Que
não podes fortalecer-te na reiteração; Tu com o mais apurado
sentido, Desfeito
contra o falso
conhecimento, Tu que podes saber em primeira mão, odiado,
preso,
desconfiado: Pensa:
Superei
a tempestade, venci o meu exílio.
Ezra
Pound in
Selected Poems of Ezra Pound, New Directions Paperbook 66,
1957.
Versão Portuguesa de Luísa Vinuesa.