Louise Bogan
EPITÁFIO PARA UMA MULHER ROMÂNTICA
Ela alcançou a permanência
Sonhou com o lugar onde velhas pedras jazem ao sol.
Caules descuidados sopram sobre ela
Regular e velozmente como jovens correndo.
No coração amou sempre
Outros que viveram - ouviu as suas risadas.
Ela jaz onde ninguém esteve antes,
Onde certamente ninguém a seguirá.
O ALQUIMISTA
Abrasei a minha vida, para que pudesse obter
Uma paixão que da mente inteira fosse,
Com o pensar divorciado de olhos e ossos,
O êxtase a respirar sozinho.
Destruí a minha vida, para buscar alívio
Da luz falha de amor e sofrimento.
Ao crescer, pereceu o fogo absoluto
Carbonizando a existência e desejo.
Morreu baixo, a batida cessou repentina.
Eu havia encontrado a carne sem mistério -
Não é a substância ávida da mente - ainda
Que além da vontade apaixonada.
NOIVA
Colocaste as tuas mãos sobre mim e a tua boca,
Disseste o meu nome como uma oração.
Aqui onde as árvores são plantadas junto da água
Observei os teus olhos, limpos de arrependimento,
E os lábios, fechados sobre o que o amor não pode dizer,
A minha mãe lembra a agonia do seu ventre
E os longos anos que pareciam prometer mais do que isso.
Diz: "Não me amas,
Não me queres,
Partirás."
No país para onde vou
Não verei o rosto da minha amiga
Nem o seu cabelo de relva queimada pelo sol;
Juntas não encontraremos
A terra em cujas colinas a lua nova volteia
No ar cruzado por pássaros.
O que pensei do amor?
Disse: “É beleza e tristeza”.
Pensei que isso me traria delícias perdidas e esplendor
Como um vento dos velhos tempos...
Mas aqui há apenas noite,
E o som dos salgueiros
Quando mergulham as longas folhas ovais na água.
RETRATO
Ela não precisa de temer a queda
Quando alcança os socalcos
Dos pomares, nem a maré que vaza
Da praia íngreme.
Nem de se apegar ao desaforo da dor,
O baluarte do seu corpo, severo e selvagem,
Nem de ser um espelho, onde prever
A devastação de outro.
O que reuniu e o que perdeu,
Não encontrará para de novo perder.
Está possuída pelo tempo, quem uma vez
Foi amada pelos homens.
A ÚLTIMA COLINA AVISTADA
Vem, vamos contar às ervas daninhas nas valas
Como somos pobres, que já tivemos riquezas,
E repousámos em esparsos e encharcados
Pastos que as vacas pisaram,
Enquanto uma noite de Outono sela
Os confortos da vila de madeira.
Vem, vamos confessar a certo estranho frio
Como buscávamos segurança, e amávamos o perigo.
Assim, com paredes rígidas em nossa volta,
Escolhemos esse limite ainda mais frágil:
Colinas, onde claros choupos, firmes carvalhos,
Vão afrouxando um pouco de fumaça.
CONHECIMENTO
Agora que sei
Como a paixão pouco se alimenta
De carne no molde,
E o tesouro é frágil, -
Vou repousar e aprender
Como acima do seu chão
As árvores dão uma longa sombra
E um breve som.
Louise Bogan in Poems, Poemhunter, The World's Poetry Archive, 2004.
Versão Portuguesa de Luísa Vinuesa (adaptação a verso livre).